Fotos de guerra, por mais que sejam bem geradas, nunca são de todo agradáveis.
Não há fotógrafo ou observador de uma fotografia que diante da tragédia, não experimente a dubiedade entre a satisfação do registro bem feito e o lamento pelo drama alheio.
É inquestionável que o jornalismo que atualmente causa maior efeito, é o que reporta bombardeios e tiroteios, seja no Oriente Médio ou na desigualdade urbana das grandes cidades sul-americanas.
Desses fronts surgem duas galerias de imagens tristes, mas que são verdadeiras aulas de fotojornalismo, eficiente e ético.
A primeira é de Maurício Lima, já bem conhecido no meio do fotojornalismo, devido a sua experiência na guerra do Iraque, em 2000.
Maurício começou fotografando esportes, no jornal Lance, para depois, através da Agência France Press (AFP), rumar para a linha de fogo no deserto.
Numa entrevista concedida a revista “2005”, por sinal uma excelente publicação de fotografia, Lima comenta que antes de ir ao Iraque, observou algumas fotos feitas no Afeganistão. Percebeu que a cobertura de guerra poderia transmitir a informação necessária, mas que também poderia contribuir “no caráter da estética e da emoção”.
O resultado das suas fotos é exatamente esse. Elas não deixam de denunciar as atrocidades típicas do confronto, mas essa história visual se potencializa muito com a criatividade do profissional. A baixo algumas amostras da jornada de Maurício Lima.
Foto: Maurício Lima (AFP) - publicada na revista "2005"
A imagem de fiéis em oração numa mesquita no Iraque, tem técnica, sensibilidade e exatidão. A velocidade baixa captou o movimento típico da crença muçulmana e registrou com clareza e simplicidade a seqüela de um homem que vive uma guerra.
Fotos: Maurício Lima (AFP) - publicadas na revista "2005"
Se antes parecia sensacionalismo dizer que nas periferias urbanas, dominadas pelo tráfico de drogas, trava-se uma verdadeira guerra, entre a polícia e as quadrilhas, hoje isso é incontestável. Basta lembrar que alguns hospitais do Rio de Janeiro praticam a chamada medicina de guerra.
É nessa realidade que atua o repórter fotográfico Bruno Gonzalez. Chama a atenção no seu trabalho à habilidade de passar a informação de maneira forte, e naquele cenário não poderia ser diferente, mas com a sutileza que não faz mal aos olhos.
Algumas de suas fotos dos morros cariocas nos ajudam a pensar sobre isso:
Foto:Bruno Gonzalez
Nessa imagem, por exemplo, a mensagem está nítida, o resultado de mais um tiroteio. Mas a fotografia não compromete o policial, não aterroriza ainda mais e não expõe as famílias dos mortos. Além disso não ultrapassa o limite do bom senso visual. Entenda-se, o leitor da foto não engole em seco o rosto de um baleado com os olhos ainda abertos, como a imprensa marrom costuma publicar.
Foto:Bruno Gonzalez
Essa foto de Gonzáles agrega beleza ao trabalho do bombeiro. Na cobertura dessa corporação trabalhando, não raro geram-se boas imagens. Mas tornar a mangueira uma espada de Star Wars não é para qualquer um.
Um comentário:
Belo artigo, concordo em genero numero e grau com o que escreveu, quanto as fotos, conheço de perto o trabalho de Bruno, e alem de um fotografo eleé um artista, por isso consegue fotos desse nivel, somente clicar hj em dia com a banalizaçao do equipamento digital, todos fazem porem ter sensibilidade, tecnica e amor pelo que faz, somente fotografos artistas, como Bruno por exemplo.
Postar um comentário