sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Fotojornalismo de alta qualidade

Fotos de guerra, por mais que sejam bem geradas, nunca são de todo agradáveis.
Não há fotógrafo ou observador de uma fotografia que diante da tragédia, não experimente a dubiedade entre a satisfação do registro bem feito e o lamento pelo drama alheio.
É inquestionável que o jornalismo que atualmente causa maior efeito, é o que reporta bombardeios e tiroteios, seja no Oriente Médio ou na desigualdade urbana das grandes cidades sul-americanas.
Desses fronts surgem duas galerias de imagens tristes, mas que são verdadeiras aulas de fotojornalismo, eficiente e ético.
A primeira é de Maurício Lima, já bem conhecido no meio do fotojornalismo, devido a sua experiência na guerra do Iraque, em 2000.
Maurício começou fotografando esportes, no jornal Lance, para depois, através da Agência France Press (AFP), rumar para a linha de fogo no deserto.
Numa entrevista concedida a revista “2005”, por sinal uma excelente publicação de fotografia, Lima comenta que antes de ir ao Iraque, observou algumas fotos feitas no Afeganistão. Percebeu que a cobertura de guerra poderia transmitir a informação necessária, mas que também poderia contribuir “no caráter da estética e da emoção”.
O resultado das suas fotos é exatamente esse. Elas não deixam de denunciar as atrocidades típicas do confronto, mas essa história visual se potencializa muito com a criatividade do profissional. A baixo algumas amostras da jornada de Maurício Lima.

Foto: Maurício Lima (AFP) - publicada na revista "2005"


A imagem de fiéis em oração numa mesquita no Iraque, tem técnica, sensibilidade e exatidão. A velocidade baixa captou o movimento típico da crença muçulmana e registrou com clareza e simplicidade a seqüela de um homem que vive uma guerra.

Fotos: Maurício Lima (AFP) - publicadas na revista "2005"

Se antes parecia sensacionalismo dizer que nas periferias urbanas, dominadas pelo tráfico de drogas, trava-se uma verdadeira guerra, entre a polícia e as quadrilhas, hoje isso é incontestável. Basta lembrar que alguns hospitais do Rio de Janeiro praticam a chamada medicina de guerra.
É nessa realidade que atua o repórter fotográfico Bruno Gonzalez. Chama a atenção no seu trabalho à habilidade de passar a informação de maneira forte, e naquele cenário não poderia ser diferente, mas com a sutileza que não faz mal aos olhos.
Algumas de suas fotos dos morros cariocas nos ajudam a pensar sobre isso:

Foto:Bruno Gonzalez

Nessa imagem, por exemplo, a mensagem está nítida, o resultado de mais um tiroteio. Mas a fotografia não compromete o policial, não aterroriza ainda mais e não expõe as famílias dos mortos. Além disso não ultrapassa o limite do bom senso visual. Entenda-se, o leitor da foto não engole em seco o rosto de um baleado com os olhos ainda abertos, como a imprensa marrom costuma publicar.


Foto:Bruno Gonzalez

Essa foto de Gonzáles agrega beleza ao trabalho do bombeiro. Na cobertura dessa corporação trabalhando, não raro geram-se boas imagens. Mas tornar a mangueira uma espada de Star Wars não é para qualquer um.

Um comentário:

Anônimo disse...

Belo artigo, concordo em genero numero e grau com o que escreveu, quanto as fotos, conheço de perto o trabalho de Bruno, e alem de um fotografo eleé um artista, por isso consegue fotos desse nivel, somente clicar hj em dia com a banalizaçao do equipamento digital, todos fazem porem ter sensibilidade, tecnica e amor pelo que faz, somente fotografos artistas, como Bruno por exemplo.