quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Retrospectiva 2 - Veja

Na edição de outubro de 2007, a jornalista Isabela Boscov comenta na revista Veja, o sucesso de Tropa de Elite, do diretor José Padilha: “Hoje, de Cidade de Deus e Carandiru a Cidade dos Homens, a vida do crime, ou de quem existe na sua proximidade, permanece talvez o maior tema do cinema nacional. Tropa de Elite é uma exceção no empenho em observar o caos brasileiro por um prisma diverso”.
A comparação com lançamentos recentes que abordaram a violência urbana nas grandes cidades brasileiras já era óbvia. Contudo, no seu texto Abaixo a Mitologia da Bandidagem, Isabela investe em outras associações: “Tropa de Elite não rompe só com a tradição nacional de narrar uma história do ponto de vista do bandido: rompe com a visão pia e romantizada do criminoso”.
A argumentação da jornalista é munida de analogias encontradas entre cenas do filme e um discurso habitual de uma corrente do cinema nacional que estaria, nas palavras dela, sempre a “mitigar a opção pelo crime em face da pobreza e ‘alivia’ o bandido mesmo quando não haveria o que aliviar”.
Boscov ainda se refere ao início dessa romantização do crime, que teria começado já nas décadas de 60 e 70 por meio de filmes como O bandido da Luz Vermelha e Lúcio Flávio – o passageiro da agonia.
Para ela Tropa de Elite estaria na esteira de Cidade de Deus que começou a desmentir os padrões do criminoso vitimado e de índole apenas desgastada, não ruim. Esse rótulo do bom bandido, porém, seria restaurado “com veemência” por Hector Babenco em Carandiru.
Numa entrevista a revista Bravo de abril de 2003, Babenco disse: “Se você deixar crescer os sobreviventes de Pixote, vai encontrá-los em Carandiru.”

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