quarta-feira, 8 de julho de 2009

Tratado do velho e do novo I

O fotógrafo Armando Vernaglia propõe em seu blog o dia sem LCD. Um tipo de teste. Ele e o fotógrafo Pedro Martinelli afirmam que os profissionais estão cada vez mais inseguros. Um dos principais motivos seria o comodismo dos modernos de ficar sempre conferindo no visor se a foto saiu a contento. Isso seria prejudicial à técnica.
No dizer de Vernaglia, no tempo dele, “o fotógrafo ficava com o olhar no visor o tempo todo, não afastava a câmera do rosto para conferir nada e tinha que ter segurança de que estava fazendo o certo”. Martinelli acrescenta, “o problema é que enquanto ficamos apertando botões burocraticamente com a cara enfiada nas costas da câmera o mundo continua passando na nossa frente”.
A dica de Vernaglia é sair para fotografar com o LCD desligado, mesmo se vier à tremedeira. Assim o fotógrafo verá onde erra, na fotometria, no flash ou nos dois. Dessa forma estará mais seguro de seu potencial. Notando erros técnicos, estudaria mais para corrigi-los. A proposta é se livrar da “muleta de poucas polegadas localizada entre você e sua câmera”.
Sim, enquanto conferimos e ajustamos a câmera, perdemos momentos importantes. É um argumento bem melhor do que os da maioria das críticas vindas dos mais antigos.
É certo que muita gente relaxa, não estuda nada e se acha fotógrafo ao se enganar e se convencer de que as novas tecnologias não mais exigem tanta disciplina.
Há um porém. Facilidades não podem, sempre, ser confundidas com facilitarismo. Já foi dito que, se a verdadeira fotografia só seria a do filme, a verdadeira literatura só seria a da pena ou do lápis.
Parece que o momento pelo qual passa o meio de fotografia é o de identificar o que é realmente importante.
Abrir mão de um recurso tecnológico, algumas vezes, em nome da consciência tranqüila, para saber se você sabe mesmo fotografar, pode ser um bom exercício. Verdadeiramente útil.
Ocorre que, diferente de Vernaglia e Martinelli, alguns já descambam para o anacronismo e defendem idéias como: “fotografia digital não é fotografia”, depois do digital qualquer um pode ser fotógrafo.“
Essa vertente afirma que fotógrafos de verdade são apenas os que nunca se entregam às novidades tecnológicas.
Isso seria um desperdício. Não é importante.
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