terça-feira, 6 de abril de 2010

Lido na semana santa

"Interferências midiáticas no cenário Religioso”. É o tema de um estudo de Alberto Klein, professor e pesquisador especialista nas relações entre mídia e religião.
Publicado em 2006, “Imagens de culto e imagens da mídia”, é um texto que supera a mera citação de fenômenos sobre a religião na TV e no Rádio.
Numa altura o texto aponta à evidente “valorização dos aspectos visuais do culto”. Isso abre um caminho de pensar com mais profundidade a relação Mídia x Religião. É a dinâmica dos cultos que muda de forma radical.
Um trecho: “No caso do protestantismo, isso não deixa de ser curioso, uma vez que historicamente suas celebrações são notoriamente o espaço dedicado ao pregar a palavra, cantar hinos e fazer orações, intensificando o campo auditivo”.
O autor observa essas origens para delinear o que chama de guinada perceptiva, ocorrida com o desenvolvimento da Fotografia, Cinema, TV e outras mídias visuais, e a conseqüente “intensificação da visão operada no século XX”.
Entre os efeitos de uma bem firmada sociedade midiática, estariam os próprios ídolos religiosos da atualidade: de Marcelo Rossi a Edir Macedo, e tantos outros como Estevam e Sônia Hernandes (Casal guia da igreja da qual o craque Kaká faz parte. Foram presos recentemente levando dinheiro dentro da bíblia).
Segundo Klein, essa sociedade “atualmente borra os limites entre o culto às celebridades e a devoção às imagens religiosas”.
O centro do conteúdo é a “união do ímpeto missionário cristão com o poder irradiador dos meios eletrônicos”, idéia que se expande por várias análises e constatações. É uma leitura eficiente para quem se interessa sobre o tema específico e ainda quer obter ou recordar conhecimento geral sobre mídia e comunicação.
Desenvolvendo sobre a quebra da comunidade local, a pesquisa parece se alinhar com teorias que tratam do homem “desterritorializado” - entenda-se, um ser possivelmente inserido em qualquer território via meio sensorial eletrônico (algo como o que você está fazendo agora).
“Fazer missões deixa de ser atividade exclusiva de um corpo que se inscreve em um determinado espaço... à presença física somam-se agora as possibilidades de ir e fazer discípulos sem o corpo, utilizando apenas suas extensões”.
Ainda sobre isso, observa-se que as igrejas aumentam seus rebanhos “sem implicar riscos para a presença física”. Glauco, você não sabia disso!?
A maioria dos líderes e pregadores já entenderam a eficiência do que outro pesquisador, Harry Pross, traça como “invasão simbólica”.
A teoria de Pross se refere antes a métodos assumidos por Estados, perfeitamente transferíveis no caso do olhar sobre as estratégias religiosas atuais: “Já não é necessário enviar soldados, sendo possível transmitir a imagem do presidente de um Estado a cada canto do outro país, evidenciando diretamente ante outros povos o esplendor de sua presença”.
O texto de Alberto Klein traz muitas abordagens, se comunica bem com o contemporâneo, sem dar prioridade a repetições.

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